terça-feira

Com tarifa mais cara do país, metrô do Rio tem superlotação, calor, atrasos e até arrastão

 André Muzell / R7 
Na capital fluminense, passageiros pagam R$ 3,10 em viagem única
Temperatura dentro dos trens chega a 30ºC, segundo o MP
Os cerca de 620 mil passageiros que usam o metrô do Rio de Janeiro diariamente pagam a tarifa mais cara do Brasil para usufruir de um serviço que ainda deixa muito a desejar, com reclamações frequentes de panes, atrasos, superlotação e calor.

Desde o reajuste do preço da passagem, há pouco mais de um mês, o valor saltou de R$ 2,80 para R$ 3,10 (veja abaixo o valor da tarifa nas principais capitais do mundo). Assim, o trabalhador que gastava R$ 112 em 20 dias (viagem de ida e volta) passou a desembolsar R$ 124, um aumento de 10,7%. Na cidade de São Paulo, que tem cinco linhas e 70 km de malha metroviária distribuídas em todas as regiões, o bilhete individual custa R$ 2,90.
O aumento está de acordo com contrato entre o governo do Estado e a concessionária Metrô Rio, que prevê que a tarifa seja reajustada todos os anos de acordo com a variação do IGP-M, que é o índice utilizado para calcular o preço dos aluguéis.
Mesmo pagando a tarifa mais alta do país, os usuários enfrentam problemas. Em 12 de maio, assaltantes armados fizeram um arrastão na estação Estácio, na zona norte. Ao menos 15 pessoas foram roubadas. No mesmo dia, um usuário e um segurança foram esfaqueados em circunstâncias não esclarecidas.
Em outro episódio de violência, no mês passado, um segurança foi demitido após agredir um jardineiro que tentava embarcar na estação Botafogo (zona sul), porque os agentes suspeitaram que ele não tinha pago a passagem. 

Na mira dos promotores

Desde o início do ano, a Agetransp (Agência Reguladora de Serviços Públicos Concedidos de Transportes do Estado do Rio de Janeiro), órgão responsável por fiscalizar as operações do metrô, registrou ao menos 14 ocorrências envolvendo atrasos ou interrupções na circulação dos trens.
Os problemas no metrô do Rio estão na mira do Ministério Público, que avalia se a concessionária está cumprindo com as obrigações previstas em um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) assinado em abril do ano passado, como resultado de um acordo firmado após a Promotoria entrar com uma ação civil pública contra a concessionária.
Segundo o promotor Carlos Andresano, da Promotoria de Defesa do Consumidor do Ministério Público do Rio, um dos itens que não vêm sendo cumpridos pelo metrô é o controle sobre a entrada de passageiros nas estações, uma medida para evitar a superlotação.
- Não há sistema de som e imagem apropriado para avisar as pessoas sobre a superlotação. O metrô tem por obrigação fazer isso e vetar a venda de bilhetes enquanto não houver espaço suficiente para as pessoas. Eles se comprometeram a fazer isso, mas a gente nunca viu funcionar.

No dia 19 de maio, Andresano esteve na linha 2 do metrô acompanhado do deputado Pedro Fernandes (PMDB), presidente da Comissão de Obras da Assembleia Legislativa do Rio. Os dois iniciaram a viagem às 17h30 na estação Carioca (centro), de onde seguiram até o Engenho da Rainha (zona norte). No caminho, ouviram queixas de passageiros, a maioria sobre superlotação e calor.
Embora a concessionária tenha informado ao MP que concluiu a revisão do sistema de refrigeração do ar-condicionado de todos os 182 carros, Andresano diz que tem recebido muitas reclamações de usuários.

- Eles finalizaram a revisão dos carros e da vedação das portas. Mas, de lá pra cá, as pessoas vêm reclamando muito do calor intenso. Fomos [ao metrô] e constatamos temperaturas entre 30ºC e 31ºC. O próprio metrô informou que considera suportável até 27ºC, enquanto a Agetransp considera uma média de 24ºC como aceitável para manter um nível de conforto.
Outro lado
Segundo a concessionária Metrô Rio, o serviço aos usuários "vai sofrer uma reviravolta" com a chegada dos 19 novos trens que estão sendo fabricados na China e que vão começar a ser testados ao longo do ano que vem. As novas composições terão um sistema de refrigeração mais potente que o atual. Segundo a gerente de Relações Institucionais do metrô, Rosa Cassar, a atual frota vai aumentar em 63%, o que permitirá reduzir intervalos e transportar mais passageiros.
- Os intervalos serão reduzidos para quatro minutos nas pontas, no trecho entre a Pavuna e a Central, por exemplo. Entre a Central e Botafogo, teremos intervalos de dois minutos. A sensação de conforto vai melhorar quando chegarem os novos trens.
Sobre o controle da entrada de passageiros, Rosa rebateu as críticas feitas pelo promotor e informou que sempre que o Centro de Controle percebe algo diferente e há um fluxo muito grande de pessoas, a concessionária costuma fechar as portas das estações.
Segundo a concessionária, as dúvidas mais frequentes recebidas pela ouvidoria são em relação aos cartões pré-pagos, a integração e o ar-condicionado, nesta ordem.


Fonte/R7

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