RIO - Embora tivesse informado anteriormente que não divulgaria a transcrição das conversas dos pilotos, o Escritório de Investigação e Análise (BEA, na sigla em francês), responsável pela análise dos dados das caixas-pretas do voo AF 447, revelou trechos das falas.
A decolagem aconteceu às 22h29m. Entre 1h59m e 2h01m da madrugada, segundo o relatório um copiloto alertou o comandante sobre a possibilidade de mais turbulência:
"O pouco de turbulência que você acabou de ver [...] devemos encontrar outras mais à frente [...] estamos na camada, infelizmente não podemos subir muito mais agora porque a temperatura está diminuindo menos rapidamente do que o esperado, e que, o logon com Dakar falhou", reproduz o relatório, que acrescenta que em seguida o comandante de bordo deixou a cabine.
Ainda segundo o documento divulgado pelo BEA, às 2h06m da madrugada o mesmo copiloto chamou parte da tripulação e avisou que a aeronave estava entrando numa área de turbulência:
"Em dois minutos, devemos atacar uma área mais agitada do que agora e devemos tomar cuidado lá". E acrescenta: "eu lhe ligo logo que sairmos de lá".
A partir das 2h10m, segundo o relatório, o piloto automático e em seguida a auto-impulsão foram desativados. O copiloto anuncia então que tem os comandos da aeronave, enquanto o alarme de perda dispara duas vezes.
Os parâmetros registrados mostram uma queda brutal da velocidade mostrada do lado esquerdo. Segundo o BEA, apenas foram mostradas no registrador de parâmetros as velocidades no lado esquerdo e no instrumento de resgate (ISIS). A velocidade do lado direito não foi registrada. A partir daí, o piloto automático e a auto-impulsão permaneceram desligados até o final do voo.
Às 2h10m51s, o alarme de perda soa novamente. O copiloto mantém sua ordem de elevar o nariz da aeronave. Quinze segundos depois, a velocidade mostrada no ISIS aumenta abruptamente e é consistente com a outra velocidade registrada. O copiloto continua a dar ordens de elevar o nariz. A altitude da aeronave atinge o seu máximo de cerca de 38 mil pés. Segundo o BEA, a inconsistência entre as velocidades indicadas no lado esquerdo e na ISIS durou pouco menos de um minuto.
Às 2h11m40s, o comandante de bordo retorna à cabine. Em poucos segundos, todas as velocidades registradas se tornam inválidas, e o alarme de perda para.
A aeronave sofre oscilações de rolagem que atingem até 40 graus. O copiloto exerce uma ação no manche no limite para a esquerda e de levantar o nariz, que dura cerca de 30 segundos.
Às 2h12m02s, o copiloto disse "eu não tenho mais nenhuma indicação", e o comandante afirma "não temos nenhuma indicação que seja válida". Quinze segundos depois, o copiloto faz ações de pique. De acordo com o BEA, nos instantes que se seguem, houve uma diminuição da incidência, as velocidades tornam-se novamente válidas e o alarme de perda é reativado.
Por volta de 2h13m47s, ações simultâneas dos dois pilotos nos mini-manches são registradas, e o copiloto diz "vamos lá, você tem os comandos". Ainda segundo o BEA, os registros param às 2h14m28s.
Fonte/BEA
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