terça-feira

Fundo do mar brasileiro esconde “tesouros perdidos”

Costa litorânea do Brasil tem mais de 20 mil embarcações naufragadas cheias de histórias

naufrágioFernando Clarck/Divulgação
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Vapor do navio Bahia que afundou em março de 1887

Pedaços “perdidos” da história do Brasil estão escondidos no fundo do mar espalhados por seus 8.000 km de litoral. São mais de 20 mil embarcações de diversas épocas naufragadas nos mais diferentes lugares.

Veja fotos das embarcações

Apesar de nem todas terem sido “descobertas”, parte delas está em boa localização e profundidade onde é possível navegar pelo que sobrou. Além dos vestígios das estruturas, pode-se ver uma infinidade de corais, peixes e outros animais.

Jornalista de Santos (SP) e especialista no setor de navegação, José Carlos Silvares começou a se interessar pelos naufrágios há 30 anos. E desde então, mergulhou neste mundo, e já coleciona estudos sobre cerca de mil embarcações.

Durante uma palestra sobre o assunto a mergulhadores, uma das donas da editora Cultura Sub Ana Carolina Xavier o convidou para lançar o livro Naufrágios do Brasil, uma Cultura Submersa. Juntos, selecionaram naufrágios em que era possível fazer o mergulho.

- Nós fizemos um pente-fino e chegamos em cem, porém o livro ficaria superficial. Então selecionamos ainda mais e chegamos em 35, ou seja, o top do top. Quem se interessa em ir a estes locais, com o livro, pode se informar um pouco mais sobre o que está vendo.

Onze toneladas de ouro perdidas

O pontapé para Silvares começar a se aprofundar nos estudos foi o interesse por um dos naufrágios mais famosos da história do Brasil: o Príncipe de Astúrias, que afundou em 5 de março de 1916, em Ilha Bela (SP).

- Um dia recebi um telefonema de um rádioamador de Buenos Aires [Argentina] perguntando sobre o corpo do tio-avô dele que havia morrido nesse desastre. Aquilo me intrigou. Comecei a pesquisar e vi que foi um acidente enorme, o maior em número de mortos, por isso, ele é até comparado ao Titanic. Oficialmente foram 445, mas com os clandestinos que fugiram da 1ª Guerra Mundial e estavam no navio superou 700.

De acordo com o jornalista, o navio que partiu de Barcelona deixou no mar brasileiro 11 toneladas de ouro, que não se sabe se foram ou não encontradas. Segundo a Marinha do Brasil, não se sabe se esse "tesouro" foi deixado lá, pois nunca foi encontrado. Em suas pesquisas, Silvares também descobriu algo curioso. O avô do ator Herson Capri foi um dos clandestinos embarcados no cargueiro.

- Ele sobreviveu ao naufrágio, mas perdeu sua família. Logo depois, foi para Curitiba, formou uma nova família e nasceu a mãe do Herson Capri.

Além do rico tesouro perdido no mar de Ilhabela (SP), uma parte da história da invasão holandesa no Brasil, que aconteceu por volta de 1624, está na região de Abrolhos (BA). Ela ficou "presa" à embarcação Utrecht, que naufragou em 28 de setembro de 1648, segundo informações das pesquisas de Silvares.

- As primeiras moedas de ouro puro cunhadas no Brasil foram encontradas neste galeão, em 1991. Além da maior coleção de objetos de estanho do mundo do século 17. Inclusive um pesquisador inglês comprou todo o lote e abriu uma loja muito famosa em São João Del Rei (MG) e são reproduzidas no Brasil inteiro.


Brasil entra em guerra após naufrágio

Além de acidentes com rochedos, neblina, entre outros, muitas embarcações brasileiras afundaram depois de terem sido torpedeadas por submarinos de guerra. Mas um deles marcou a história política internacional.

Segundo o livro Naufrágios do Brasil, uma Cultura Submersa, o navio Baependy deixou Salvador rumo a Maceió quando um submarino alemão detonou o cargueiro em 15 de agosto de 1942. Na época, o Brasil era um país neutro em meio à 2ª Guerra Mundial, mas depois desta “gota d água” Getúlio Vargas, o então presidente do país, declarou guerra.

Novos desbravamentos

Além deste livro sobre naufrágios espalhados em todo o Brasil, Ana Carolina Xavier contou que já prepara duas novas edições. Uma delas, que será lançada no fim deste ano, falará de naufrágios em Fernando de Noronha, Recife e Maceió e o outro para 2012 que trará histórias de embarcações de São Paulo, Rio de Janeiro e Santa Catarina.


Da Redação com R7

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