Um avião Embraer 190, da Polícia Federal, decolou às 8h desta terça-feira (21) do Aeroporto Castro Pinto com destino a Porto Velho (Rondônia), levando oito detentos que estavam nos presídios Romeu Gonçalves Abrantes (PB1), Sílvio Porto e Geraldo Beltrão (Máxima de Mangabeira). Os presos foram escoltados por 14 agentes penitenciários federais e nove policiais federais que chegaram a João Pessoa no final da tarde da segunda-feira (20).
A transferência dos detentos para o Presídio Federal de Porto Velho, que recebeu o condinome de “Operação Perseu”, começou às 5h e terminou às 8h com o embarque da aeronave. A operação mobilizou 87 homens da Polícia Militar, Polícia Civil, Polícia Federal, agentes penitenciários federais e estaduais.
O objetivo das transferências foi desarticular ramificações de organizações criminosas que estavam agindo na Grande João Pessoa com a participação de detentos recolhidos nos presídios da Capital.
Investigações da Secretaria da Segurança e da Defesa Social (Seds) e da Secretaria de Administração Penitenciária (Sead) levaram à conclusão de que várias ações criminosas registradas nos últimos meses de forma acentuada, culminando com assassinatos bárbaros e implantação de clima de terror em alguns bairros, teriam relação com acirrada disputa por pontos de tráfico de drogas na Grande João Pessoa, com conexões no sistema prisional.
Como medida complementar, os agentes que integraram a “Operação Perseu” realizaram varredura no Complexo Penitenciário Romeu Gonçalves de Abrantes – PB1 e PB2, com emprego de cães farejadores, grupo de Choque, Gate, Força Tática e Rotam, da Polícia Militar, GOE, Polícia Civil e Grupo de Mediação e Intervenção Penitenciária da Seap.
Limpeza nos bairros – Após determinação expressa do governador Ricardo Coutinho, o trabalho conjunto das polícias conseguiu identificar os líderes de facções criminosas que disputavam hegemonia nos bairros de João Pessoa, denominadas de “Al Qaeda” e “Estados Unidos”.
Após meses de investigação dos serviços de inteligência do sistema prisional e da Seds, as autoridades concluíram pela necessidade de transferir os oito detentos. A transferência foi autorizada pelo juiz das Execuções Penais da Capital, Carlos Beltrão Filho, após autorização da Vara de Execução Penal Federal de Porto Velho.
A “Operação Perseu” teve apoio do Departamento Penitenciário Nacional (Depen) e da Polícia Federal, que deslocou a João Pessoa seu jato operacional para viabilizar a transferência dos presos.
Comunidades da Capital, antes tranquilas, passaram a vivenciar aumento considerável de homicídios, latrocínios e roubos, além de outras ações típicas de grupos de extermínio, planejadas ou ordenadas a partir de presidiários recolhidos em presídios da Capital. Assim foi registrado no bairro de Mandacaru e mais recentemente no Bairro dos Novais, onde famílias foram expulsas a mando de traficantes.
Os detentos transferidos:
1) Paulo Henrique do Nascimento (Alexandre Neguinho)
Responde a processos por homicídio, tráfico, roubo latrocínio, porte ilegal de armas e formação de quadrilha. É ainda acusado de ser um dos líderes da facção “Estados Unidos”. Neste mês, comparsas do presidiário chegaram a expulsar moradores de suas casas para transformá-las em ponto de venda de drogas e esconderijo para fugitivos e armas.
2) André Quirino da Silva (Fão)
É considerado o principal líder e articulador da facção conhecida como “Al Qaeda”, que vinha impondo toque de recolher em alguns bairros da Capital, além de comandar o tráfico de entorpecentes em várias comunidades e promover ameaças de morte a policiais, agentes penitenciários e seus desafetos.
Responde a processos por homicídios, roubo, tráfico, porte ilegal de armas e formação de quadrilha. É apontado ainda como sucessor do presidiário Genildo Fábio Crispim – o Pinino, recolhido ao Presídio Federal de Porto Velho – RO.
3) André da Silva Galdino (André Galdino)
É lembrado por ter sido resgatado cinematograficamente em julho de 2007 por um bando armado, quando voltava de uma consulta médica. Preso por policiais do GOE, em 2008, responde a processos por porte ilegal de armas, roubo e formação de quadrilha.
4) Márcio Maciel dos Santos (Maciel)
Acusado de comandar a partir do presídio vários crimes praticados nas comunidades Gauchinha, Citex e Três Lagoas, em João Pessoa. Responde a processos por homicídios, roubos, porte ilegal de armas e tráfico.
5) Eristênio Gonzaga de Souza (Papel)
Considerado de altíssima periculosidade, era um dos criminosos mais procurados no Rio Grande do Norte e Paraíba. Fugitivo de alguns presídios no Nordeste (Alcaçuz-RN, Central de Polícia e PB1, em João Pessoa). Responde a processos por latrocínios, homicídios (inclusive de um policial militar do RN), assalto a banco, tomada de assalto ao posto da Manzuá, porte ilegal de arma e roubo, na Paraíba, Rio Grande do Norte e Pernambuco.
6) Ricardo Cavalcanti Souto (Ricardo)
Entrou para os anais do crime em 2005, quando fugiu da cadeia de Pilar e deixou um bilhete para o diretor da instituição, pedindo desculpas pela fuga e ainda agradecendo pela hospedagem. Depois de recapturado, passou a integrar facções criminosas ligadas ao tráfico em João Pessoa, comandadas por “Pinino” e Thaner Asfora. Em 2010 foi denunciado pelo Ministério Público Estadual, acusado de integrar organização criminosa responsável por homicídios, roubos, porte ilegal de arma, formação de quadrilha e tráfico.
7) José Roberto dos Santos Souza (Neguinho Mulungu)
Enveredou pelo crime ainda na região do Brejo, principalmente com ações criminosas ligadas ao tráfico em Guarabira. Preso foi recolhido ao Presídio Padrão de Santa Rita, por questões de segurança. De dentro do presídio padrão, em orquestração com criminosos de Santa Rita, passou a dar suporte ao tráfico de drogas no bairro de Alto das Populares. Responde a processos por tráfico, roubo e homicídios.
8) Otacílio José da Silva Filho (Sérgio Neguinho)
Considerado, mesmo preso, o terror do Alto do Mateus. Foi preso em 2007 por agentes do GOE. É acusado de mais de uma dezena de assassinatos, além de tráfico de drogas nos bairros do Alto do Mateus, Ilha do Bispo e na cidade de Bayeux.
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